Destinos Turísticos Inteligentes: oportunidade de eficiência e competitividade

Eventos 29/06/2021
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A Jornada Virtual "Destinos turísticos inteligentes", evento organizado pelo Diario SUR e Segittur, que ocorreu na última quinta-feira, dia 24 de junho, e no qual tivemos o prazer de participar, deixou uma mensagem de profundo impacto: os destinos inteligentes representam uma oportunidade de eficiência e competitividade.


Sem dúvida, concordamos com a ideia de que, para Málaga, o momento atual é ideal para enfrentar esse processo de transição, devido ao aumento das ferramentas de extração, monitoramento e análise de dados, ao lançamento de aplicativos que buscam eficiência e otimização de recursos, e à clara intenção das administrações municipais de trabalhar em conjunto na implementação de políticas de inovação, visando à consolidação de um destino mais amplo e unificado: o da Província de Málaga.

Bloco I: O que significa ser um destino turístico inteligente?


O primeiro bloco do evento, moderado por Manuel Castillo, Diretor do SUR, reuniu Fernando Valdés, Secretário de Estado do Turismo, e Francisco de la Torre, Excelentíssimo Prefeito da cidade de Málaga, para discutir a contribuição dos destinos turísticos inteligentes: benefícios, desafios e projetos futuros, com reflexões sobre o atual contexto de recuperação, com foco especial no destino Málaga, recentemente declarado Capital Europeia do Turismo Inteligente.

Fernando Valdés destacou três aspectos-chave dos destinos inteligentes: governança, que permite coordenar um número crescente de atores que contribuem, direta e indiretamente, para a oferta turística e melhoria da qualidade da experiência dos visitantes, inovação e tecnologia, insistindo na "necessidade de uma boa comunicação entre turismo, tecnologia e inteligência turística".
"Um destino turístico inteligente é uma metodologia reconhecida, comprovada, que, juntamente com uma análise e plano de ação, faz com que um destino ganhe competitividade" - Fernando Valdés, Secretário de Estado do Turismo

Francisco de la Torre referiu-se aos destinos turísticos inteligentes como "sinônimos de garantia de qualidade, tanto para seus habitantes quanto para os turistas", destacando ações recentes implementadas em Málaga que se mostraram de grande utilidade no último ano, como aplicativos associados ao controle de capacidade, mobilidade e princípios de sustentabilidade, "firmemente estabelecidos em muitos hotéis, em relação à otimização de recursos".

O destino como serviço. Valdés referiu-se ao destino inteligente como a gestão do complexo ecossistema para oferecer soluções a um turista cada vez mais digital, buscando "singularizar sua experiência através do digital: como, onde e com quem verá o destino". Destacou a importância de agilizar a contratação de transporte e unir, das instituições, a oferta cultural, mencionando o exemplo de Málaga e sua "especialização na oferta complementar para se posicionar como produto cultural". Para o Secretário de Estado do Turismo, "um destino turístico inteligente é uma metodologia reconhecida, comprovada, que, juntamente com uma análise e plano de ação, faz com que um destino ganhe competitividade".

Ambos os palestrantes aproximaram suas posições ao falar da importância de promover modelos de negócios baseados em dados. Administrações, empresas públicas e entidades privadas geram milhões de dados, permitindo que empresas e destinos melhorem suas propostas. Valdés afirmou: "Saber tudo sobre o turista, de onde vem, do que gosta, se seu comportamento é arriscado ou conservador, permite que as empresas melhorem seu posicionamento em um mercado com cada vez mais participantes e ajuda as organizações na tomada de decisões e gestão de recursos limitados".

Em relação aos desafios e projetos futuros, De La Torre propôs "aperfeiçoar o marketing digital, aproveitar ao máximo as informações extraídas e apostar em novos mercados". Valdés revelou um projeto inovador, com um investimento de 130 milhões de euros, "voltado para consolidar os relacionamentos com o turista antes, durante e após sua estadia". Trata-se de uma solução tecnológica que permitirá ao turista criar experiências personalizadas (antes), receber sugestões adaptadas aos seus gostos (durante) e estabelecer mecanismos de comunicação para manter contato com o viajante depois que deixar o destino.

Como era de se esperar, Manuel Castillo abordou questões relacionadas ao atual cenário pós-COVID. Ambos os convidados mostraram-se positivos e prudentes ao mesmo tempo, reconhecendo que os dados indicam números promissores, mas sem ignorar a difícil situação em que muitas empresas ainda se encontram: "o turismo doméstico funcionará muito bem nesta temporada, as visitas do mercado alemão representam 80% em comparação com o ano anterior, e existem boas perspectivas para outros mercados, como o nórdico", explicou Fernando Valdés. Em relação ao debate sobre a chegada de turistas do mercado britânico, "eles virão quando suas autoridades permitirem, fizemos o que estava ao nosso alcance, trabalhando como destino seguro, em um momento de controle da epidemia e com mecanismos para garantir um turismo seguro, a entrada de turistas britânicos dependerá da evolução da cepa", concluiu.

Bloco II: Boas práticas de destinos inteligentes em Andaluzia


Pedro Luis Gómez, Diretor de Publicações do SUR, abriu esta mesa redonda, segundo bloco da jornada, defendendo a necessidade de adaptação aos novos tempos, propondo o consenso entre entidades públicas e privadas em prol de um objetivo comum: a digitalização.

Ao lado dele estavam Sandra Extremera, Vereadora de Comércio e Desenvolvimento da Câmara Municipal de Torrox, Aida Blanes, Vereadora de Turismo da Câmara Municipal de Torremolinos, Laura de Arce, Diretora Geral de Turismo da Câmara Municipal de Marbella, e Antonio Díaz, Diretor Geral de Turismo Costa do Sol.

Enquanto Sandra, responsável por fornecer a tão necessária perspectiva dos destinos pequenos, explicava como "a caminho de Carratraca não posso trabalhar porque não há cobertura, é necessário oferecer estrutura tecnológica ao turista", Aida, como representante da cuna do turismo da Costa do Sol, apostava em destacar o patrimônio do município de "Torre de los Molinos", através da "criação de ações que permitam aumentar sua oferta com muitos outros produtos que o destino pode oferecer", e voltava a fazer um gesto à já mencionada falta de integração entre municípios, defendendo que "temos que usar ferramentas tecnológicas comuns, que permitam aos turistas se moverem em nossa província".

Antonio Díaz, muito aguardado, também destacou que "a Costa do Sol tem um turismo muito consolidado que, diante das dificuldades, deve se abrir para novos mercados". Destacou a importância de "incorporar à oferta produtos complementares que formam nossa personalidade", e acrescentou que "patrimônio, natureza ou gastronomia são elementos diferenciadores que, juntamente com as possibilidades de segmentação e personalização proporcionadas pelos big data, oferecem ao viajante uma ampla gama de atividades para fazer, ajustadas às suas preferências e necessidades".

Por fim, Laura de Arce também falou sobre a importância de ir além do turismo de sol e praia, gastronômico, de natureza ou nômade, exaltando a oferta complementar como um elemento enriquecedor do destino, e adicionando uma nova variável à fórmula, a comunicação, "para que os players acreditem". Além disso, ela também concordou com a ideia de que "todos nós temos muito avançado, mas falta a intercomunicação entre as províncias".

O debate que encerrou este segundo bloco trouxe várias contribuições de grande valor, sempre ligadas à ideia da promoção turística do ponto de vista interprovincial, unindo recursos para melhorar a percepção do destino Província de Málaga, e utilizando a tecnologia e dados mais direcionados. Todos concordaram que, superada a pior fase da pandemia, o turismo retornará, mas, após o aprendizado, não se fecharão a fazer as coisas de maneira diferente.

Bloco III: Oportunidades para empresas em destinos inteligentes


Após uma hora e meia de intervenções e conteúdos interessantes, no terceiro e último bloco, foi a vez de nosso colega Pedro Díaz Burló, Sócio e Responsável pelo Turobserver, compartilhar a mesa com José Juan Nebro Mellado, Presidente e Fundador da Gecor System, e Pilar Martínez, Redatora de Turismo do SUR, no papel de moderadora.

"Nosso compromisso com o destino se traduz em sua comercialização e distribuição, seu posicionamento frente à concorrência, sua promoção por meio de workshops virtuais, serviços de auditoria e consultoria e um firme compromisso com a formação dos profissionais do turismo" - Pedro Díaz Burló, Sócio e Responsável pelo Turobserver

Após as apresentações de praxe, Pedro Díaz explicou por que a plataforma de smart data do Turobserver é uma das mais completas em termos de informações turísticas: "somos uma empresa consolidada globalmente, líder em web scraping e monitoramento de dados, e nossa plataforma se alimenta de uma das redes de informações mais amplas do setor... OTAs, sites de reputação online, plataformas de acomodações turísticas, operadoras de turismo, locadoras de veículos, hotéis, etc. E, além disso, dados oficiais gerados por nossos parceiros. Nosso compromisso com o destino se traduz em sua comercialização e distribuição, seu posicionamento frente à concorrência, sua promoção por meio de workshops virtuais, serviços de auditoria e consultoria e um firme compromisso com a formação dos profissionais do turismo".

O presidente e fundador da Gecor System também enviou uma mensagem contundente "o que não é digital, não existe", e afirmou firmemente que é perfeitamente possível consolidar a "produção massiva personalizada". José Juan enfatizou a oportunidade que significa para o destino se digitalizar, para o que considera necessário superar uma série de desafios, como a implementação de uma política de dados, atender a possíveis nichos de mercado ou "a criação de um aplicativo que englobe os 8 que o turista precisa atualmente para aproveitar o destino, que também interaja com ele e responda às informações fornecidas, otimizando assim os serviços e a experiência em geral".

"O que não é digital, não existe" - José Juan Nebro Mellado, Presidente e Fundador da Gecor System

Do ponto de vista de Pedro, “a tecnologia é fundamental para um destino”, mas ele ressaltava, “nem todos os dados são válidos, há uma necessidade de socializar o dado, fazer com que ele chegue também às pequenas e médias empresas, e depois, realizar um acompanhamento do destino em todo momento para que nada falhe”. Ciente do momento atual e sabedor de que muitas empresas turísticas têm priorizado reduzir gastos na comercialização por falta de tempo ou recursos, considerava, no entanto, que a fase em que o setor se encontra pode propiciar a oportunidade de fazê-lo.

José Juan complementava essas declarações adicionando que, em todo caso, a definição clara de objetivos e metas é fundamental, pois um destino que tenha claro o que busca e quais dados são importantes para ele obterá resultados muito mais competitivos. Como conclusão, ele expunha que “o princípio da sustentabilidade vai se impor no mercado e a tecnologia se destacará como elemento diferenciador”.

"Nem todos os dados são válidos, há uma necessidade de socializar o dado, fazer com que ele chegue também às pequenas e médias empresas, e depois, realizar um acompanhamento do destino em todo momento para que nada falhe" Pedro Díaz Burló, Sócio e Responsável de Turobserver

Questionados pela eterna dúvida sobre o que acontecerá nos próximos meses, Pedro considerava que “é preciso estabelecer objetivos alinhados para sair melhor desta crise”, referindo-se ao consenso entre setor público e privado, e juntava-se à onda de mensagens de esperança dos demais participantes no evento, ao sugerir que “após este ponto de inflexão, que significou ter zero turistas, o turismo vai mudar, e a chave para a recuperação reside em observar o mercado e responder às oportunidades que possam surgir, permanecer preparados para a mudança, ser adaptáveis e usar os conhecimentos que nos tornam diferentes e competitivos”.

"O turismo vai mudar, e a chave para a recuperação reside em permanecer preparados para a mudança, ser adaptáveis e usar os conhecimentos que nos tornam diferentes e competitivos" Pedro Díaz Burló, Sócio e Responsável de Turobserver

Por sua vez, José Juan concordava com Pedro e acrescentava, definindo o setor turístico, em constante crescimento, como “uma indústria do futuro”, destacando a área privilegiada em que se encontra, as ações realizadas para “a criação de um destino mais exigente, competitivo e com mais profissionais, baseado na digitalização e aplicação de tecnologias”.
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